Desabrochar é nem mais nem menos, uma forma mais adornada, de escrever - o rebentar da casca do ovo, por parte de uma ave ou réptil - é o despertar para a vida, mas não na sua plenitude.
No caso dela, esse passo já havia sido dado. Ela já havia furado a casca do ovo...segundo se lembra, pior passo foi o da metamorfose.
Embora fora do ovo, o casulo acompanhou-a por quase 23 anos...era perfumado, de cor rosa e sabor a algodão doce.
No exterior do ovo, ela estava alerta para os riscos da sua existência, mas dentro do casulo, onde uma pink cloud, a separava da imagem real, dessa mesma vida 'cheia de vazio', separações, perdas, dor...ela aparentava-se destemida, por vezes fria sentimentalmente.
'Porta da rua, serventia de casa!'
Até que o casulo, um dia, abruptamente se rompeu...
Oito anos juntos, convertidos em lágrimas de uma adolescente em separação. O casulo deixou de ter a pink cloud. Gray cloud, era o seu tom!
Vinte e três anos com três mães, com as quais ela se sentia no centro do Mundo...fazia-a julgar que o Mundo rodava à sua voltava. Esqueceu-se que ela não era o Sol.
Um dia, uma das mães foi chamada para 'Algures Vou Continuar' - AVC ... a família formou um novo centro, ou pelo menos ela sentiu que o Mundo já não girava à sua volta...muito pelo contrário, ela era necessária para formar o circulo que formaria o novo centro.
Uma das mães necessitava de Continuar, não Algures, mas ali,onde sempre estivera,a completar o Clã!
Ivaginando-se fora do presente, refugiava-se em trabalhos que não necessitava, enquanto se apartava do mundo real.
Havia superado, o primeiro golpe aquele que retirara a cor rosa...mas este segundo golpe, retirou o sabor a algodão doce, do seu casulo!
O mais implacável de todos, o único que está como certo em qualquer vida - o fim desta - batera à porta do seu já danificado casulo.
A sua mãe original, aquela que a havia gerado, 'preparava-se sem preparação, para preparar todos para a sua partida'...Fevereiro de 1998 a 26 de Dezembro do mesmo ano.
'Aqui jaz...no coração de quem gerou, amou e com a certeza que foi muito amada'
Aqui está a ruptura do Casulo...já sem cor, sem sabor e agora apenas na Ivaginação!
Valeram-lhe as duas mães, pai, objecto protector, poucos mas bons amigos!
Ela não permitiria que eu esquecesse o louvor aos fármacos, tão criticados....
2 comentários:
Nos dias de Inverno, o frio lembra-nos o quanto somos apenas um baguinho de arroz neste infinito de angustias, medos e injustiças. Mas, quando o sol brilha, olhamos em volta e vimos, que apesar de escasso, o verdadeiro conforto existe e está lá para nós, sempre que necessário. Será estupido dizer que afinal somos umas sortudas?Amo te amo, para sempre!!!! Seja lá até quando isso for. Bjs Cainha
Só rompendo o casulo se aprende a ser borboleta. O pior é quando este se rasga sem que a larvinha (sim, tu minha larvinha gósmica) esteja pronta e tenha asas para voar. Mas o que está passado passou e nada podemos fazer para o alterar para além de recordar os momentos doces e mergulhar neles infinitamente para buscar cada vez mais forças e um fio condutor que dê sentido à nossa existência.
Mas vejo-te cada vez com mais cor e com asas cada vez mais longas, a rasgar horizontes e a semear alegria.
Adoro-te tão profundamente que não sei dizê-lo por palavras. E gosto de te ver a começar a voar, lentamente, rumo à aventura do universo!
Continua a escrever no blog e a dar conta de como a larva não morre quando o casulo rompe prematuramente - ainda que fragilizada, ela pode recompor-se e tornar-se na mais bela das borboletas :) ****
um beijinho para ti, tia, irmã, amiga.
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