sábado, 13 de junho de 2009

2. Ruptura do Casulo



Desabrochar é nem mais nem menos, uma forma mais adornada, de escrever - o rebentar da casca do ovo, por parte de uma ave ou réptil - é o despertar para a vida, mas não na sua plenitude.

No caso dela, esse passo já havia sido dado. Ela já havia furado a casca do ovo...segundo se lembra, pior passo foi o da metamorfose.

Embora fora do ovo, o casulo acompanhou-a por quase 23 anos...era perfumado, de cor rosa e sabor a algodão doce.

No exterior do ovo, ela estava alerta para os riscos da sua existência, mas dentro do casulo, onde uma
pink cloud, a separava da imagem real, dessa mesma vida 'cheia de vazio', separações, perdas, dor...ela aparentava-se destemida, por vezes fria sentimentalmente.

'Porta da rua, serventia de casa!'

Até que o casulo, um dia, abruptamente se rompeu...

Oito anos juntos, convertidos em lágrimas de uma adolescente em separação. O casulo deixou de ter a pink cloud. Gray cloud, era o seu tom!

Vinte e três anos com três mães, com as quais ela se sentia no centro do Mundo...fazia-a julgar que o Mundo rodava à sua voltava. Esqueceu-se que ela não era o Sol.

Um dia, uma das mães foi chamada para 'Algures Vou Continuar' - AVC ... a família formou um novo centro, ou pelo menos ela sentiu que o Mundo já não girava à sua volta...muito pelo contrário, ela era necessária para formar o circulo que formaria o novo centro.

Uma das mães necessitava de Continuar, não Algures, mas ali,onde sempre estivera,a completar o Clã!

Ivaginando-se fora do presente, refugiava-se em trabalhos que não necessitava, enquanto se apartava do mundo real.

Havia superado, o primeiro golpe aquele que retirara a cor rosa...mas este segundo golpe, retirou
o sabor a algodão doce, do seu casulo!

O mais implacável de todos, o único que está como certo em qualquer vida - o fim desta - batera à porta do seu já danificado casulo.

A sua mãe original, aquela que a havia gerado, 'preparava-se sem preparação, para preparar todos para a sua partida'...Fevereiro de 1998 a 26 de Dezembro do mesmo ano.

'Aqui jaz
...no coração de quem gerou, amou e com a certeza que foi muito amada'

Aqui está a ruptura do Casulo...já sem cor, sem
sabor e agora apenas na Ivaginação!

Valeram-lhe as duas mães, pai, objecto protector, poucos mas bons amigos!

Ela não permitiria que eu esquecesse o louvor aos fármacos, tão criticados....



2 comentários:

Anónimo disse...

Nos dias de Inverno, o frio lembra-nos o quanto somos apenas um baguinho de arroz neste infinito de angustias, medos e injustiças. Mas, quando o sol brilha, olhamos em volta e vimos, que apesar de escasso, o verdadeiro conforto existe e está lá para nós, sempre que necessário. Será estupido dizer que afinal somos umas sortudas?Amo te amo, para sempre!!!! Seja lá até quando isso for. Bjs Cainha

Inês disse...

Só rompendo o casulo se aprende a ser borboleta. O pior é quando este se rasga sem que a larvinha (sim, tu minha larvinha gósmica) esteja pronta e tenha asas para voar. Mas o que está passado passou e nada podemos fazer para o alterar para além de recordar os momentos doces e mergulhar neles infinitamente para buscar cada vez mais forças e um fio condutor que dê sentido à nossa existência.

Mas vejo-te cada vez com mais cor e com asas cada vez mais longas, a rasgar horizontes e a semear alegria.

Adoro-te tão profundamente que não sei dizê-lo por palavras. E gosto de te ver a começar a voar, lentamente, rumo à aventura do universo!

Continua a escrever no blog e a dar conta de como a larva não morre quando o casulo rompe prematuramente - ainda que fragilizada, ela pode recompor-se e tornar-se na mais bela das borboletas :) ****

um beijinho para ti, tia, irmã, amiga.